Bom, confesso que hoje não estou com muita "pica" para escrever mas não queria deixar de partilhar convosco mais aventuras na terra de sua majestade, o
rei Alberto II. Não sei se sabem, mas Bruxelas, mais concretamente o bairro europeu, parou por completo para receber a maior concentração de eurocratas por m2. Hoje e amanhã, Bruxelas será a cidade mais controlada do mundo devido ao
Conselho Europeu! E porque é que isso haveria de me incomodar??? Bem, posso pensar em muitas razões mas algumas delas nem vou partilhar aqui porque senão, os meus amigos que trabalham nas instituições europeias fuzilam-me. Resumindo, além do maior número de eurocratas que andam á solta por terras belgas, este pessoal decide também fechar todas as ruas que vão dar a Schuman onde se encontra a
Comissão Europeia e o
Conselho (além de muitas outras instituições europeias...). E esse é o grande problema...É que eu vivo perto de Schuman, fora do bairro europeu mas muito perto das instituições. Nestes dias, também se observa um aumento das forças de autoridade... É vê-los por ali, a controlarem as entradas do pessoal credenciado nas barreiras preparadas especialmente para estas ocasiões. Schuman faz lembrar a
Batalha da Normandia, com umas estruturas triangulares de metal com arame farpado (cujo nome desconheço)e, em vez de barcos, usam carrinhas enormes, algumas apetrechadas com canhões de água.. E talvez existam snipers...Mas isso é capaz de ser um mito urbano...
de la Bem, voltando á história. Hoje, depois de ter visto o jogo de Portugal, decidi ir visitar uns amigos que moram perto de Schuman. Para lá chegar demorei imenso tempo, devido ás ruas cortadas e controladas. Fui dar uma ganda volta!!!!! Roguei pragas a todos os polícias que vi! Já não vinha bem-disposta e este pessoal não ajudou nada... Mas o mais engraçado foi o regresso. Tinha que atravessar Schuman novamente mas desta vez vinha confiante. Tinha o cartão de residente belga comigo – sinto-me na obrigação de vos informar que este documento consegue ser maior que o bilhete de identidade português e que é complicado encontrar carteiras adequadas, por isso, é normal que os cartões de residente fiquem danificados rapidamente (um quinto do meu cartão está em muito mau estado e há certas informações quase indecifráveis, mas as mais importantes ainda se safam!). Atravessei a Comissão Europeia, subi as escadas e cheguei á RueLoi. Pumba, primeira barreira. Dois polícias. Assim que me aproximei, vieram logo ter comigo. Expliquei-lhes que morava ali perto e que queria passar para ir para casa e até tinha o cartão de residente para o provar. Acho que eram
flamengos. Perguntaram-me, num francês muito manhoso, se não tinha recebido uma carta “especial” de autorização (nunca, em 3 anos que vivo aqui, ouvi falar em tal coisa e duvido mesmo que exista). Acho que estavam a tentar ser profissionais... Tentei disfarçar a cara de parva mas lá lhes disse que não. Foi aí que os dois começaram a olhar para o meu cartão. De repente vira-se um: Então mas onde é que está a morada? E começa a apontar para onde estava escrito nascida em Lisboa no dia tal (os cartões, além da morada belga, também têm o país e cidade de origem...). Mas será que estes senhores são parvos? Eu vivo na mesma cidade que eles e não é Lisboa, certamente! Segunda tentativa: Então mas onde está morada? Apontei para o sítio certo e ele lá percebeu. Segunda pergunta: Mas onde fica esta rua? Foi neste momento que agradeci as cervejas bebidas durante o jogo, que me ajudaram a evitar a gargalhada. Mas estes polícias estão aqui para controlarem a entrada e saída de pessoal nas barreiras e não sabem como se chama uma das ruas mesmo ao lado do Conselho, a menos de 300m do sitio onde eles estavam e onde existem barreiras também?? E mais, será que têm alguma ideia do aspecto do cartão de residente belga? Devem ter faltado a essa aula na academia de polícia! Expliquei-lhes qual era a rua e acho que acreditaram naquilo que lhes disse porque depois de terem falado entre eles, deixaram-me passar... Continuei o meu caminho mas acho que a partir de agora, olho para os polícias belgas doutra maneira e acho que já não me sinto tão segura nesta cidade... Oh Senhor, faz-me um favorzinho, manda uns cérebros para a Bélgica porque há uns quantos belgas que estavam trancados na casa-de-banho quando tu os distribuíste!
Ps - Parabéns aos corajosos que conseguiram ler até ao fim!
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