Saturday, September 08, 2007,20:41
Avante, Camaradas!
Tal como dizia no penúltimo post, quando ainda estávamos em Abril, mês que precede Março e antecede Maio, existe uma data que não pode ser esquecida por nenhum português: o 25 de Abril de 1974. Eu sei que já venho tarde mas como se diz lá na terra, mais vale tarde do que nunca! Por isso, decidi partilhar convosco uma parte da minha pesquisa, feita nessa altura, um pouco por curiosidade e um pouco por necessidade. E a não esquecer que este fim-de-semana, há festarola aqui!

Cronologia do 25 de Abril de 1974

14 de Março
O Governo demite os Generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na aceleração das operações militares contra o regime.

16 de Março
Tentativa de golpe militar contra o regime. Só o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha marcha sobre Lisboa. O golpe falhou. São presos cerca de 200 militares.

24 de Março
Última reunião clandestina da Comissão Coordenadora do MFA, na qual foi decidido o derrube do regime e o golpe militar.

23 de Abril
Otelo Saraiva de Carvalho entrega, a capitães mensageiros, sobrescritos fechados contendo as instruções para as acções a desencadear na noite de 24 para 25 e um exemplar do jornal a Época, como identificação, destinada às unidades participantes.

24 de Abril
O jornal República, em breve notícia, chama a atenção dos seus leitores para a emissão do programa Limite dessa noite, na Rádio Renascença .

24 de Abril - 22:00 horas
Otelo Saraiva de Carvalho e outros cinco oficiais ligados ao MFA já estão no Regimento de Engenharia 1 na Pontinha onde, desde a véspera, fora clandestinamente preparado o Posto de Comando do Movimento. Será ele a comandar as operações militares contra o regime.

24 de Abril - 22:55 horas
A transmissão da canção " E depois do Adeus ", interpretada por Paulo de Carvalho, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, marca o início das operações militares contra o regime.

25 de Abril - 00:20 horas
A transmissão da canção " Grândola Vila Morena " de José Afonso, no programa Limite da Rádio Renascença, é a senha escolhida pelo MFA, como sinal de confirmação de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.

25 de Abril - Das 00:30 às 16:00 horas
Ocupação de pontos estratégicos considerados fundamentais ( RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Aeroporto de Lisboa, Quartel General, Estado Maior do Exército, Ministério do Exército, Banco de Portugal e Marconi).
Primeiro Comunicado do MFA difundido pelo Rádio Clube Português. Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém estacionam no Terreiro do Paço. As forças paramilitares leais ao regime começam a render-se: a Legião Portuguesa é a primeira. Desde a primeira hora o povo vem para a rua para expressar a sua alegria. Início do cerco ao Quartel do Carmo, chefiado por Salgueiro Maia, entre milhares de pessoas que apoiavam os militares revoltosos. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano e dois ministros do seu Gabinete.

25 de Abril - 16:30 horas
Expirado o prazo inicial para a rendição anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede a comparência no Quartel do Carmo de um oficial do MFA de patente não inferior a coronel.

25 de Abril - 17:45 horas
Spínola, mandatado pelo MFA entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo.
O Quartel do Carmo hasteia a bandeira branca.

25 de Abril - 19:30 horas
Rendição de Marcelo Caetano. A chaimite BULA entra no Quartel para retirar o ex-presidente do Conselho e os ministros que o acompanhavam, levando-os, à guarda do MFA para o Posto de Comando do Movimento no Quartel da Pontinha.

25 de Abril - 20:00 horas
Disparos de elementos da PIDE/DGS sobre manifestantes que começavam a afluir à sede daquela polícia na Rua António Maria Cardoso, fazem quatro mortos e 45 feridos.

26 de Abril
A PIDE/DGS rende-se após conversa telefónica entre o General Spínola e Silva Pais, director daquela corporação. Apresentação da Junta de Salvação Nacional ao país, perante as câmaras da RTP. Por ordem do MFA, Marcelo Caetano, Américo Tomás, César Moreira Baptista e outros elementos afectos ao antigo regime, são enviados para a Madeira. O General Spínola é designado Presidente da República. Libertação dos presos políticos de Caxias e Peniche.

Labels:

 
Engendrado por Pirilampa Assassina
Vê lá isto ¤


1 Comments:


  • At September 10, 2007, Blogger Soba

    Estou desejoso para que a saga continue. Até ao 25 de Novembro de 75 há muita coisa interessante que aconteceu. Não vais parar por aqui, pois não? Mais não seja porque fiquei com a ideia que este post era uma espécie de hino à liberdade e democracia. E essa, como bem sabemos, só chegou mesmo a TODOS os portugueses um ano e alguns meses depois...

    Só por curiosidade: o nome de Otelo não devia estar também a encarnado, como o número de vítimas da revolução de Abril?

    PS: tenho pena de ter acabado por não estar contigo durante a tua estadia em Lisboa. Parte da culpa foi do trabalho, mas parte foi minha. Mil perdões! Espero que o regresso esteja a decorrer de forma tranquila... pelo que ouvi dizer, o tempo tem ajudado... aposto que nem te passa pela cabeça fazeres outra coisa senão trabalhares =D